domingo, 23 de junho de 2013

AS MANIFESTAÇÕES NO BRASIL SOB A ÓTICA DA PSICANÁLISE

AS MANIFESTAÇÕES NO BRASIL SOB A ÓTICA DA PSICANÁLISE



(Texto de Silvia Marina de Melo e Paiva, psicanalista, membro do ILPC, analista e supervisora institucional, acerca das manifestações ocorridas no Brasil)


Sigo observando o movimento das manifestações no Brasil e não resisto a pensá-lo sob a ótica de “Psicologia das massas”, “Totem e Tabu” e a dinâmica pulsional de Freud.
Depois da queda da ditadura militar, houve uma espécie de ressaca moral, um cansaço da população, não se podia mais lidar com os excessos, então as pulsões foram recalcadas, assim como uma criança que, ao sair do Édipo, entra no período de latência.Assim ficaram as coisas, não considero, neste momento os movimentos das diretas já e do impeachment do Collor porque os entendo como movimentos muito mais políticos do que das massas sociais. Lá tínhamos pais totêmicos de quem esperávamos uma palavra de lei.No Mito da Horda Primitiva, criado por Freud em “Totem e Tabu” para explicar o processo civilizatório e o desenvolvimento da sociedade, havia um pai lei que dominava todas as mulheres da horda, seus filhos viviam sob a liderança e repressão deste pai violento e punitivo que possuia todas as fêmeas e as vigiava, evitando as investidas dos seus filhos machos, expulsando-os quando se tornavam grandes o suficiente, de modo a proteger seu poder absoluto. A cada tentativa de destituir esse pai, alguém ocupava este lugar e a horda se mantinha sob a mesma égide totêmica. Até que os irmãos se uniram, criaram leis simbólicas organizadoras que mantivessem a comunidade, sem a necessidade de um pai opressor, punitivo e castrador. O poder podia circular entre eles. Assim, mais que isso, a horda primitiva nos remete às relações de poder, e simboliza o que há de mais primitivo dentre os elementos de uma sociedade.Parece que no nosso país ocorreu que com o governo de Fernando Henrique e o início da estabilização da economia do país, a população teve uma reação como que de gratidão, de nada se reclamava, porque antes tudo tinha sido muito pior. As pulsões foram amainadas.Pois bem, havia uma horda primitiva que mantinha no poder um “pai-lei” que detinha o poder político no Brasil, representado por seus governantes. Com a eleição de Lula, tinha-se a ideia de que não mais se daria o poder a um “pai-lei”, mas a um dos irmãos, par de todos, representante da lei, mas não detentor do poder absoluto. Imaginariamente seguido pela atual presidente. Os votos foram dados a quem lutou contra a ditadura, com a esperança de o fato de eles terem lutado para a retirada do pai opressor do poder, deveria ser uma garantia de que não o reproduziriam. Mas então eles fizeram mais do mesmo e, ao subir ao poder reproduziram a horda, detendo todo o prazer para si, em detrimento do sofrimento da população a quem entendiam totalmente manipulável pela mídia e por programas maquiagem do governo.A população, perplexa pela repetição, vinha assistindo totalmente atônica a alta da inflação, diminuição do PIB, o aumento do risco Brasil, corrupção, etc. paralelamente sentindo na pele a péssima qualidade dos serviços públicos em geral, como serviço o de transporte, saúde, educação e segurança.Agora, aquele a quem teria sido outorgada a representatividade do povo, não mais o representa, não adianta mais ninguém no poder, está deposto o pai que não o referencia mais. Sem representatividade o povo tem que se organizar sem liderança e se inicia um movimento apartidário, sem pai totêmico. Movimento único, sem precedentes. É preciso que haja uma nova ordem social que se organize de outro modo, já que a primeira resposta dada ao movimento foi de novo a reprodução ao modelo antigo: a repressão.Será que povo brasileiro saiu da latência pós-edípica e entrou na ebulição hormonal da puberdade em busca de uma identidade própria que o referencie desde outro lugar?Então, o que pode acontecer?Temos alguns riscos, porque aquelas pulsões hostis recalcadas tem vindo a tona, sob forma de agressividade e violência, transbordam desordenadamente. Sem organização simbólica podemos ter o caos.Outra possibilidade é que esse movimento se esvazie, que se coloque no poder outro pai-lei que apazigue as pulsões hostis e os permita, mais uma vez, descansar.A saída é torcer para que nosso país amadureça, assim temos uma boa chance de uma nova ordem social, mas é preciso que isso se sustente. Que a filiação se organize em torno dessa nova ordem.Assim ficaram as coisas, não considero, neste momento os movimentos das diretas já e do impeachment do Collor porque os entendo como movimentos muito mais políticos do que das massas sociais. Lá tínhamos pais totêmicos de quem esperávamos uma palavra de lei.No Mito da Horda Primitiva, criado por Freud em “Totem e Tabu” para explicar o processo civilizatório e o desenvolvimento da sociedade, havia um pai lei que dominava todas as mulheres da horda, seus filhos viviam sob a liderança e repressão deste pai violento e punitivo que possuia todas as fêmeas e as vigiava, evitando as investidas dos seus filhos machos, expulsando-os quando se tornavam grandes o suficiente, de modo a proteger seu poder absoluto. A cada tentativa de destituir esse pai, alguém ocupava este lugar e a horda se mantinha sob a mesma égide totêmica. Até que os irmãos se uniram, criaram leis simbólicas organizadoras que mantivessem a comunidade, sem a necessidade de um pai opressor, punitivo e castrador. O poder podia circular entre eles. Assim, mais que isso, a horda primitiva nos remete às relações de poder, e simboliza o que há de mais primitivo dentre os elementos de uma sociedade.Parece que no nosso país ocorreu que com o governo de Fernando Henrique e o início da estabilização da economia do país, a população teve uma reação como que de gratidão, de nada se reclamava, porque antes tudo tinha sido muito pior. As pulsões foram amainadas.Pois bem, havia uma horda primitiva que mantinha no poder um “pai-lei” que detinha o poder político no Brasil, representado por seus governantes. Com a eleição de Lula, tinha-se a ideia de que não mais se daria o poder a um “pai-lei”, mas a um dos irmãos, par de todos, representante da lei, mas não detentor do poder absoluto. Imaginariamente seguido pela atual presidente. Os votos foram dados a quem lutou contra a ditadura, com a esperança de o fato de eles terem lutado para a retirada do pai opressor do poder, deveria ser uma garantia de que não o reproduziriam. Mas então eles fizeram mais do mesmo e, ao subir ao poder reproduziram a horda, detendo todo o prazer para si, em detrimento do sofrimento da população a quem entendiam totalmente manipulável pela mídia e por programas maquiagem do governo.A população, perplexa pela repetição, vinha assistindo totalmente atônica a alta da inflação, diminuição do PIB, o aumento do risco Brasil, corrupção, etc. paralelamente sentindo na pele a péssima qualidade dos serviços públicos em geral, como serviço o de transporte, saúde, educação e segurança.Agora, aquele a quem teria sido outorgada a representatividade do povo, não mais o representa, não adianta mais ninguém no poder, está deposto o pai que não o referencia mais. Sem representatividade o povo tem que se organizar sem liderança e se inicia um movimento apartidário, sem pai totêmico. Movimento único, sem precedentes. É preciso que haja uma nova ordem social que se organize de outro modo, já que a primeira resposta dada ao movimento foi de novo a reprodução ao modelo antigo: a repressão.Será que povo brasileiro saiu da latência pós-edípica e entrou na ebulição hormonal da puberdade em busca de uma identidade própria que o referencie desde outro lugar?Então, o que pode acontecer?Temos alguns riscos, porque aquelas pulsões hostis recalcadas tem vindo a tona, sob forma de agressividade e violência, transbordam desordenadamente. Sem organização simbólica podemos ter o caos.Outra possibilidade é que esse movimento se esvazie, que se coloque no poder outro pai-lei que apazigue as pulsões hostis e os permita, mais uma vez, descansar.A saída é torcer para que nosso país amadureça, assim temos uma boa chance de uma nova ordem social, mas é preciso que isso se sustente. Que a filiação se organize em torno dessa nova ordem.Assim ficaram as coisas, não considero, neste momento os movimentos das diretas já e do impeachment do Collor porque os entendo como movimentos muito mais políticos do que das massas sociais. Lá tínhamos pais totêmicos de quem esperávamos uma palavra de lei.No Mito da Horda Primitiva, criado por Freud em “Totem e Tabu” para explicar o processo civilizatório e o desenvolvimento da sociedade, havia um pai lei que dominava todas as mulheres da horda, seus filhos viviam sob a liderança e repressão deste pai violento e punitivo que possuia todas as fêmeas e as vigiava, evitando as investidas dos seus filhos machos, expulsando-os quando se tornavam grandes o suficiente, de modo a proteger seu poder absoluto. A cada tentativa de destituir esse pai, alguém ocupava este lugar e a horda se mantinha sob a mesma égide totêmica. Até que os irmãos se uniram, criaram leis simbólicas organizadoras que mantivessem a comunidade, sem a necessidade de um pai opressor, punitivo e castrador. O poder podia circular entre eles. Assim, mais que isso, a horda primitiva nos remete às relações de poder, e simboliza o que há de mais primitivo dentre os elementos de uma sociedade.Parece que no nosso país ocorreu que com o governo de Fernando Henrique e o início da estabilização da economia do país, a população teve uma reação como que de gratidão, de nada se reclamava, porque antes tudo tinha sido muito pior. As pulsões foram amainadas.Pois bem, havia uma horda primitiva que mantinha no poder um “pai-lei” que detinha o poder político no Brasil, representado por seus governantes. Com a eleição de Lula, tinha-se a ideia de que não mais se daria o poder a um “pai-lei”, mas a um dos irmãos, par de todos, representante da lei, mas não detentor do poder absoluto. Imaginariamente seguido pela atual presidente. Os votos foram dados a quem lutou contra a ditadura, com a esperança de o fato de eles terem lutado para a retirada do pai opressor do poder, deveria ser uma garantia de que não o reproduziriam. Mas então eles fizeram mais do mesmo e, ao subir ao poder reproduziram a horda, detendo todo o prazer para si, em detrimento do sofrimento da população a quem entendiam totalmente manipulável pela mídia e por programas maquiagem do governo.A população, perplexa pela repetição, vinha assistindo totalmente atônica a alta da inflação, diminuição do PIB, o aumento do risco Brasil, corrupção, etc. paralelamente sentindo na pele a péssima qualidade dos serviços públicos em geral, como serviço o de transporte, saúde, educação e segurança.Agora, aquele a quem teria sido outorgada a representatividade do povo, não mais o representa, não adianta mais ninguém no poder, está deposto o pai que não o referencia mais. Sem representatividade o povo tem que se organizar sem liderança e se inicia um movimento apartidário, sem pai totêmico. Movimento único, sem precedentes. É preciso que haja uma nova ordem social que se organize de outro modo, já que a primeira resposta dada ao movimento foi de novo a reprodução ao modelo antigo: a repressão.Será que povo brasileiro saiu da latência pós-edípica e entrou na ebulição hormonal da puberdade em busca de uma identidade própria que o referencie desde outro lugar?Então, o que pode acontecer?Temos alguns riscos, porque aquelas pulsões hostis recalcadas tem vindo a tona, sob forma de agressividade e violência, transbordam desordenadamente. Sem organização simbólica podemos ter o caos.Outra possibilidade é que esse movimento se esvazie, que se coloque no poder outro pai-lei que apazigue as pulsões hostis e os permita, mais uma vez, descansar.A saída é torcer para que nosso país amadureça, assim temos uma boa chance de uma nova ordem social, mas é preciso que isso se sustente. Que a filiação se organize em torno dessa nova ordem.Assim ficaram as coisas, não considero, neste momento os movimentos das diretas já e do impeachment do Collor porque os entendo como movimentos muito mais políticos do que das massas sociais. Lá tínhamos pais totêmicos de quem esperávamos uma palavra de lei.No Mito da Horda Primitiva, criado por Freud em “Totem e Tabu” para explicar o processo civilizatório e o desenvolvimento da sociedade, havia um pai lei que dominava todas as mulheres da horda, seus filhos viviam sob a liderança e repressão deste pai violento e punitivo que possuia todas as fêmeas e as vigiava, evitando as investidas dos seus filhos machos, expulsando-os quando se tornavam grandes o suficiente, de modo a proteger seu poder absoluto. A cada tentativa de destituir esse pai, alguém ocupava este lugar e a horda se mantinha sob a mesma égide totêmica. Até que os irmãos se uniram, criaram leis simbólicas organizadoras que mantivessem a comunidade, sem a necessidade de um pai opressor, punitivo e castrador. O poder podia circular entre eles. Assim, mais que isso, a horda primitiva nos remete às relações de poder, e simboliza o que há de mais primitivo dentre os elementos de uma sociedade.Parece que no nosso país ocorreu que com o governo de Fernando Henrique e o início da estabilização da economia do país, a população teve uma reação como que de gratidão, de nada se reclamava, porque antes tudo tinha sido muito pior. As pulsões foram amainadas.Pois bem, havia uma horda primitiva que mantinha no poder um “pai-lei” que detinha o poder político no Brasil, representado por seus governantes. Com a eleição de Lula, tinha-se a ideia de que não mais se daria o poder a um “pai-lei”, mas a um dos irmãos, par de todos, representante da lei, mas não detentor do poder absoluto. Imaginariamente seguido pela atual presidente. Os votos foram dados a quem lutou contra a ditadura, com a esperança de o fato de eles terem lutado para a retirada do pai opressor do poder, deveria ser uma garantia de que não o reproduziriam. Mas então eles fizeram mais do mesmo e, ao subir ao poder reproduziram a horda, detendo todo o prazer para si, em detrimento do sofrimento da população a quem entendiam totalmente manipulável pela mídia e por programas maquiagem do governo.A população, perplexa pela repetição, vinha assistindo totalmente atônica a alta da inflação, diminuição do PIB, o aumento do risco Brasil, corrupção, etc. paralelamente sentindo na pele a péssima qualidade dos serviços públicos em geral, como serviço o de transporte, saúde, educação e segurança.Agora, aquele a quem teria sido outorgada a representatividade do povo, não mais o representa, não adianta mais ninguém no poder, está deposto o pai que não o referencia mais. Sem representatividade o povo tem que se organizar sem liderança e se inicia um movimento apartidário, sem pai totêmico. Movimento único, sem precedentes. É preciso que haja uma nova ordem social que se organize de outro modo, já que a primeira resposta dada ao movimento foi de novo a reprodução ao modelo antigo: a repressão.Será que povo brasileiro saiu da latência pós-edípica e entrou na ebulição hormonal da puberdade em busca de uma identidade própria que o referencie desde outro lugar?Então, o que pode acontecer?Temos alguns riscos, porque aquelas pulsões hostis recalcadas tem vindo a tona, sob forma de agressividade e violência, transbordam desordenadamente. Sem organização simbólica podemos ter o caos.Outra possibilidade é que esse movimento se esvazie, que se coloque no poder outro pai-lei que apazigue as pulsões hostis e os permita, mais uma vez, descansar.A saída é torcer para que nosso país amadureça, assim temos uma boa chance de uma nova ordem social, mas é preciso que isso se sustente. Que a filiação se organize em torno dessa nova ordem.


Junho de 2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário